PEREIRA, Maria Campina de Sousa

Resumo:
Loulé, 18/01/1914 – Faro, 27/02/1984

Pianista de relevo nacional e internacional Maria Campina integrou o primeiro e segundo corpo docente da Academia de Música, Belas-Artes e Línguas do Funchal como professora de piano e posteriormente nas funções de diretora artística.
Uma artista de grande projeção, galardoada com o 1º prémio do Conservatório Nacional e em 1979 com o grau de Comendador da Ordem de Instrução Pública.
Biografia:
maria_campina_iiA pianista portuguesa, Maria Campina de Sousa Pereira Ruivo nasceu em Loulé, em 18 de Janeiro de 1914 e faleceu em 27 de Fevereiro de 1984.
Maria Campina, como era conhecida, teve como tutores Luís de Freitas Branco e Varela Cid e concluiu o Curso Superior de Piano do Conservatório Nacional, com a classificação de mérito de 20 valores.
Enquanto frequentou aquele Conservatório, Maria Campina foi premiada com todos os galardões para os melhores alunos, incluindo o 1º prémio do Conservatório Nacional, nunca alcançado por qualquer outro aluno daquele estabelecimento de ensino.
Em 1949 participou num concurso internacional da Áustria, no Mozarteum de Salzburgo, onde competiu com quinze dos maiores pianistas mundiais da sua época. No concurso austríaco interpretou obras de Mozart e de Johan Sebastian Bach. O júri, por unanimidade, o que raramente repetiu, declarou-a vencedora.I
Este foi o seu reconhecimento internacional, uma vez que após o concurso realizou uma tournée pela Europa, América do Sul e África.
Na década de 1940 a Emissora Nacional emitia, diariamente uma programação cultural e científica, concertos de música clássica e ópera, com especial enfoque para a estação Lisboa 2. A estação tinha a sua própria Orquestra Sinfónica que Maria Campina integrava como solista e integrava também a Orquestra Ligeira da Emissora Nacional, que percorria o país numa descentralização cultural que deixaria os músicos atuais surpreendidos. Para além da atividade relacionado com as referidas orquestras Maria Campina também se apresentava na rádio em récitas individuais.
Mas a pianista não se limitava à música, também escrevia para os jornais nacionais, era conferencista e interessava-se pela vida cultural do país.
Quanto à sua atividade profissional na área académica Maria Campina de Sousa Pereira iniciou como professora num colégio de Lisboa, em 1939. Posteriormente, na década de 1940 integrou o corpo docente da Academia de Música, Belas-Artes e Línguas da Madeira.
No ano letivo de 1946-1947 Maria Campina integrou o 1º Corpo Docente da Academia de Música, Belas-Artes e Línguas da Madeira, fundada pelos irmãos Luiz Peter Clode e William Edward Clode.
Na Academia madeirense desempenhou funções como professora de Piano e Iniciação Musical em conjunto com outros músicos seus contemporâneos: Paulo Manso, primeiro diretor artístico da Academia de Música e Belas Artes da Madeira e professor de Violino; Lisetta Zarone D'Arco Vieira, também docente de Piano; Wera da Cunha Telles, professora de Canto; Maria Glória Costa Manso, nas disciplinas de Português e Solfejo; o Capitão Gustavo Augusto Coelho também em Solfejo e André Cymbron Borges de Sousa, responsável pela disciplina de História de Arte.II
De 1947 a 1952 Pedro Lamy Reis assumiu o cargo de diretor artístico da Academia e apesar de algumas alterações efetuadas no corpo docente manteve Maria Campina como professora de Piano.maria_campina O corpo docente da segunda direção era constituído por: Nicolau Mata, na docência de História e Geografia; Lufinha, na disciplina de Português; O. Floripes, em Solfejo; manteve também o Capitão Gustavo Coelho em Solfejo, com o acréscimo das disciplinas de Harmonia e Canto Coral; Wera Telles para Canto; Pedro Lamy Reis no ensino de Violino; Lisetta Zarone e Maria Campina como professoras de Piano; Antonieta na vertente Piano Infantil e Gweullian Cardoso, na disciplina de Inglês.III
Entre 1952 e 1955 Maria Campina desempenhou funções como diretora artística da Academia de Música da Madeira, em substituição de Pedro Lamy Reis.IV
A pianista afirmou-se como um talento na educação artística nacional, capaz de identificar as suas carências e dificuldades de acesso, para todos os alunos interessados numa formação pelas artes.
Na década de 1940 Maria Campina participou em espetáculos produzidos pela Sociedade de Concertos da Madeira, que organizou diversos concertos em parceria com a Academia de Música e Belas Artes das Madeira. A convite da Sociedade Concertos vinham “atuar ao Funchal os melhores nomes nacionais de então e mesmo nomes de projeção internacional.V
Um exemplo desta atividade musical foi um concerto realizado a 12 de Novembro de 1946 com a participação de Isaura Pavia de Magalhães na execução de violoncelo, Maria Campina ao piano e José Eurico Lisboa como barítono.
De Janeiro a Março de 1950 a Sociedade de Concertos também organizou vários recitais em que se destacaram os músicos e artistas: Ginette Doyen e Jean Fournier, no piano e violino; Reinhard Wolf e Maria Campina, na viola e piano; Janine Dacosta e Trio Lamy Reis, em violino; Lizetta Zarone, ao piano; Ramon Miravall no violoncelo. E o reconhecido pianista Sérgio Varela Cid, tutor de Maria Campina durante a sua formação académica no Conservatório Nacional.VI
Em 1962 a pianista deu início à formação de um Conservatório Regional no Algarve. Apenas dez anos mais tarde em 1972 conseguiu receber os primeiros alunos no Conservatório Regional, ainda sem edifício oficial, a funcionar provisoriamente no Teatro Lethes, também conhecido como Colégio de Santiago Maior situado em Faro.
Maria Campina faleceu em 27 de Fevereiro de 1984 sem que o projeto do Conservatório Regional do Algarve estivesse concluído e alojado com as condições necessárias, no entanto durante doze anos formou alunos no conservatório provisório.
A conclusão deste projeto ficou a cargo de Pedro Ruivo, marido de Maria Campina, que conseguiu a construção do excelente edifício que atualmente alberga o Conservatório Regional do Algarve, através do apoio financeiro governamental e a cedência do terreno pela Câmara Municipal de Faro.
Autoria:

Andrade, Juliana (2011). “Maria Campina”. Realizado no âmbito da Disciplina Ciências Musicais VI, integrada no âmbito da Licenciatura em Educação Musical, do Instituto Superior de Ciências Educativas, Universidade da Madeira.

Atualização:

Ventura, Ana (2011). “Maria Campina”. Dicionário Online de Músicos na Madeira. Funchal: Divisão de Investigação e Documentação, Gabinete Coordenador de Educação Artística, atualizado em 14/09/2011.

Bibliografia:

Carita, R. & Sousa, L. (1988). 100 Anos do Teatro Municipal Baltazar Dias. Funchal: Câmara Municipal.

Conservatório Regional do Algarve Maria Campina (2005). Biografia de Maria Campina. Acedido em http://www.conservatorioalgarve.com/up/historia-bin_ficheiro2_pdf_0849019001233077650-386.pdf a 14/07/2011.

 

Conservatório Regional do Algarve Maria Campina (2005). Nota biográfica de Pedro Ruivo. Acedido a: http://www.conservatorioalgarve.com/up/historia-bin_ficheiro3_pdf_0231877001134203244-962.pdf em 15/09/2011.

 

Gomes, J. V. (2005). Luiz Peter Clode e o Espólio Legado ao Arquivo Regional da Madeira. Funchal: Secretaria Regional do Turismo e Cultura; Direção Regional dos Assuntos Culturais; Arquivo Regional da Madeira.

 

Notas de Referência:

I Conservatório Regional do Algarve Maria Campina (2005). Biografia de Maria Campina. Acedido em http://www.conservatorioalgarve.com/up/historia-bin_ficheiro2_pdf_0849019001233077650-386.pdf a 14/07/2011.

 

II Gomes, J. V. (2005). Luiz Peter Clode e o Espólio Legado ao Arquivo Regional da Madeira. Funchal: Secretaria Regional do Turismo e Cultura; Direção Regional dos Assuntos Culturais; Arquivo Regional da Madeira, pp.21; 23.

 

III Gomes, J. V. (2005). Luiz Peter Clode e o Espólio Legado ao Arquivo Regional da Madeira. Funchal: Secretaria Regional do Turismo e Cultura; Direção Regional dos Assuntos Culturais; Arquivo Regional da Madeira, pp. 22-23.

 

IV Gomes, J. V. (2005). Luiz Peter Clode e o Espólio Legado ao Arquivo Regional da Madeira. Funchal: Secretaria Regional do Turismo e Cultura; Direção Regional dos Assuntos Culturais; Arquivo Regional da Madeira, p. 26.

 

V Carita, R. & Mello, L. S. (1988). 100 Anos do Teatro Municipal Baltazar Dias. Funchal: Câmara Municipal, p. 119.

 

VI Carita, R. & Mello, L. (1988). 100 Anos do Teatro Municipal Baltazar Dias. Funchal: Câmara Municipal, pp. 119-120.

 

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