SANTOS, Carlos Maria Platão dos

Carlos Maria dos Santos foi jornalista e teve um papel importante no meio musical madeirense da primeira metade do século XX; com destaque na liderança de vários grupos musicais, de bandolins e de folclore; e na investigação teórica das tradições musicais madeirenses.

Como líder de grupos musicais fundou em 1913 o seu primeiro grupo de bandolins. No entanto, apenas quinze anos mais tarde, em 1928, conseguiu ganhar algum protagonismo musical, quando passou a ocupar a direcção artística do grupo de bandolins “6 de Janeiro”, que mais tarde alterou o nome para “Círculo Bandolinístico da Madeira”. À frente deste grupo, Carlos Santos ganhou o primeiro prémio num concurso de orquestras de palheta, realizado no Teatro Municipal e que contou com a presença do maestro Francisco Lacerda, como presidente do júri.
O “Círculo Bandolinístico” da Madeira realizou duas digressões aos Açores e apresentou vários concertos no Teatro Municipal.
Posteriormente Carlos Maria dos Santos começou a interpretar peças do folclore musical, um fenómeno cultural que ocorreu a nível nacional, na época influenciado pelas políticas culturais do Estado Novo. Neste âmbito o jornalista fundou o “Grupo Folclórico Carlos Santos”, que se apresentou pela primeira vez em 1940 no Teatro Municipal. Nesse espectáculo, o grupo apresentou a peça “Visão Lírica da Ilha da Madeira”, da autoria do próprio Carlos Santos. Uma obra constituída por um conjunto de bailados e canções típicas da Madeira.
Em 1949, Carlos Santos passou a dirigir também o “Grupo Folclórico da Casa do Povo da Camacha”, com o qual atingiu grande sucesso em eventos internacionais. Primeiramente, apresentou-se com o grupo no Concurso Internacional de Danças e Canções de Lisboa; em 1951, levou o grupo da Camacha a participar no Festival Internacional de Folclore em Biarritz, na França, tendo na mesma viagem realizado apresentações em Saragoça, Madrid e Lisboa.

O interesse pelo folclore musical madeirense não ficou apenas pela prática musical. Carlos Santos dedicou-se também à investigação etnográfica, cujos resultados foram publicados em alguns livros, tais como: “Trovas e Bailados da Ilha” e “Tocares e Cantares da Ilha: estudo do folclore da Madeira”. Atualmente estas obras ainda são referência para os estudiosos das tradições madeirenses, mais pelas descrições que faz das suas experiências pessoais do que pelas suas teorias sem fontes fundamentadas, sobre a origem da música madeirense.