LINO, Nuno Graceliano

Resumo:

Funchal, 1859 - Funchal, 15/02/1929

Professor de piano, regente de orquestras, organista da Sé Catedral do Funchal e compositor da peça sacra "Sinfonia de Santa Cecília", para orquestra de cordas com flauta e órgão. Nuno Graceliano Lino atuou nas solenidades da diocese e salões aristocráticos do Funchal, com destaque na receção dos reis D. Carlos I e D. Amélia em 1901.

Biografia:

 


 

nuno_graceliano

 

Filho de Guilhermina Augusta Jardim e Nuno Rodrigues, um importante músico madeirense construtor de instrumentos e especialista na afinação de pianos, reparação de flautas e órgãos. Nuno Rodrigues tocava bandolim, violino e foi regente e fundador dos agrupamentos musicais Filarmónica Recreio Artístico Funchalense e Sexteto Nunos, constituído pelos seus filhos Nuno Graceliano Lino, Guilherme Honorato Lino e Alfredo Saturnino Lino.

 

Os poucos dados biográficos registados sobre Graceliano Lino são maioritariamente referências do Diário de Notícias, de 16 de Fevereiro de 1929, na notícia do seu falecimento. Neste registo Nuno Graceliano Lino é referido como "um músico distinto e conceituado, professor de piano e regente de orquestras". Ainda segundo a mesma notícia, Graceliano Lino "além de ser apreciado como compositor", foi "organizador de quase todas as orquestras que se faziam ouvir nos salões aristocráticos e nas grandes solenidades da diocese do Funchal". À semelhança de Nuno Rodrigues matinha a música como atividade profissional oficial. Faleceu aos 69 anos na residência que sempre pertenceu à família, na Rua Nova de S. Pedro, N.º 38, no Funchal, vítima de mielite crónica.

No âmbito da música sacra Nuno Graceliano Lino foi organista da Sé Catedral do Funchal. Atualmente conhece-se uma obra sua para orquestra com cordas, flauta e órgão, que teve algum destaque na diocese do Funchal e que prova o seu elevado nível musical como compositor: a Sinfonia de Santa Cecília.

Nuno Graceliano Lino foi um dos músicos da sua época que participou nas comemorações de receção aos reis D. Carlos I e D. Amélia, aquando da sua visita ao arquipélago da Madeira em 1901, entre os dias 22 e 25 de Junho.

O músico dirigiu a orquestra que tocou num dos momentos mais importantes da visita: o baile da Quinta Vigia.
A escolha de Nuno Graceliano Lino para dirigir a orquestra do baile da Quinta Vigia é uma prova do seu prestígio na Madeira. Segundo uma descrição da época "o baile de recepção que prosseguiu até às quatro horas da madrugada, sempre animado e brilhante, ao som de uma magnífica orquestra regida distintamente pelo Sr. Nuno Graceliano Lino, deixando em todos os convidados recordações gratíssimas que lhe ficarão gravadas, por muito tempo, no espírito como as d’um sonho delicioso, até, então, nunca sonhado".

O Baile da Quinta Vigia foi, provavelmente, o momento mais alto do programa de festas, durante a visita dos reis de Portugal. O autor Cyriaco de Brito Nóbrega referiu no seu livro, sobre a visita dos reis D. Carlos I e D. Amélia à Madeira que, "[a festa] foi a melhor e a mais completa que regista a crónica das grandes festas funchalenses, o que podemos afirmar sem o mais leve exagero".
Os factos descritos por este autor são reveladores da perfeição e entusiasmo com que foi organizado o baile dedicado aos reis. Cyriaco de Brito Nóbrega referiu que os jardins da Quinta estavam completamente iluminados, apresentando a vegetação "tons fantásticos, aspectos coloridos e formas caprichosas". A beleza da iluminação era complementada com a vista para a baía do Funchal, onde "lindos fogos d’artifício completavam o encanto deste grandioso espectáculo". Sobre a afluência de convidados o autor revela a presença de cerca de "quatrocentas damas, nacionais e estrangeiras".

As descrições de Cyriaco de Brito Nóbrega continuam sobre a atuação de Nuno Graceliano Lino. O maestro começou o baile começou com uma dança alegre e movimentada, que se encontrava em voga no século XIX: a quadrilha.

O rei D. Carlos I agradeceu com o espetáculo organizado com o seguinte discurso: "as manifestações que nos têm sido feitas tornaram-nos reconhecidos e gratos, mas agora não é só isso: as provas de vivo afecto do povo madeirense são de tal natureza que nos constituíram a obrigação de voltarmos à Madeira".

 

Autoria:

Esteireiro, Paulo (2008). "Nuno Graceliano Lino". In 50 Histórias de Músicos na Madeira. Funchal: Associação de Amigos do Gabinete Coordenador de Educação Artística.

Atualização:

Ventura, Ana (2011). "LINO, Nuno Graceliano". Dicionário Online de Músicos na Madeira. Funchal: Divisão de Investigação e Documentação, Gabinete Coordenador de Educação Artística, atualizado em 23/09/2011.

Música:


Sinfonia de Santa Cecília  



Bibliografia:

Esteireiro, P. (2008). "Nuno Graceliano Lino". In 50 Histórias de Músicos na Madeira. Funchal: Associação de Amigos do Gabinete Coordenador de Educação Artística, pp. 25-26.

Located in: Biografias
Powered by SobiPro

TOP 5 - Biblioteca Digital

Galeria

Subscrever Newsletter