SARMENTO, Alberto Artur
Funchal, 07/07/1878 - Funchal, 1953
Pianista, escritor de textos literários para música e musicógrafo.
O Tenente-Coronel Alberto Artur Sarmento foi um dos mais prestigiados intelectuais madeirenses da 1.ª metade do século XX, tendo sido, além de oficial do Exército, um dedicado escritor, professor de ciências, naturalista, investigador da história insular, folclorista e músico.
Embora a sua ligação à área musical tenha sido sempre muito secundária na sua vida, é possível encontrar várias referências na sua biografia a actividades que realizou no meio musical: (1) foi pianista e organista na juventude; (2) compôs textos literários para várias obras musicais de maestros de renome nacional e internacional; (3) e escreveu textos históricos sobre a música na Madeira.
No domínio do piano e do órgão, Alberto Artur Sarmento terá aprofundado os seus conhecimentos musicais com o seu tio José Sarmento – músico que viajou pela Europa para aprofundar os seus conhecimentos musicais e que chegou a contactar com o famoso pianista romântico Liszt. Ainda na sua juventude, Alberto Sarmento apresentou-se em público por ocasião de vários concertos de beneficência e auxiliou o seu tio no cargo de organista da Sé, substituindo-o por diversas vezes. É de realçar que o seu pai Artur Adolfo Sarmento foi também um intelectual e um músico notável, tendo-se distinguido na execução de concertina – em várias sociedades musicais – e nas festividades religiosas como cantor sacro.
No domínio da composição de textos literários para música, Alberto Sarmento teve também alguma influência na música produzida no Funchal, da primeira metade do século XX. Foi autor do episódio «Negaças de Amor», que foi musicado pelo maestro Manuel Ribeiro em odes sinfónicas e, segundo Luiz Peter Clode, no seu livro “Registo Bio-Bibliográfico de Madeirenses”, Alberto Artur Sarmento compôs ainda o texto literário da «Balada do Porto Santo», musicada pelo maestro Gustavo Coelho; o texto da canção «Saudades da Terra», com música do maestro Francisco de Lacerda; e o libreto da opereta regional «Primeiros Aspectos», musicada também por Manuel Ribeiro.
Finalmente, no domínio da historiografia musical, Sarmento publicou, no Diário de Notícias de 22 de Novembro de 1947, um artigo interessante sobre a história da música na Madeira – intitulado “Santa Cecília, Protectora da Música em 1844 –, onde descreve alguns dos principais acontecimentos musicais na Madeira desde os tempos de D. Manuel I até ao ano de 1844 (data em que vários músicos da Madeira prestaram uma homenagem a Santa Cecília) e onde fica bem patente a enorme paixão que este intelectual madeirense nutria pela arte de música: «É a música a arte mais requintada para exprimir os sentimentos da alma, em vibrações de dor, alegria, heroísmo… e tantos outros. Perpetua a música o génio, fazendo vibrar as mais delicadas fibras do coração, compreendendo-se melhor assim a eternidade».