AFONSECA, Ricardo Joaquim Porfirio d'

Ricardo Joaquim Porfirio d’Afonseca^I era filho de José Maria d’Afonseca, Inspetor-Geral da Agricultura e das Estradas da Ilha da Madeira. Esta notoriedade social permitiu-lhe integrar a alta sociedade e iniciar a sua carreira como pianista em bailes, soirées e eventos de beneficência.
A fundação do Club Funchalense deu-se em 1839 com a participação de Ricardo Porfirio d’Afonseca, que chefiou a direção durante cerca de um ano.

O Club Funchalense destacava-se como um centro elitista onde se realizavam jogos, danças, concertos de música vocal e instrumental, bailes e soirées. Eventos caraterizados pelo luxo, onde participavam pessoas ilustres, residentes na Madeira ou estrangeiros de passagem por temporadas.
O acesso ao club era bastante restrito, sendo apenas admitidas pessoas do alto comércio funchalense. A associação de lojistas e outros comerciantes de estabelecimentos mais humildes não era permitida, uma vez que o Club Funchalense era suportado pelas principais famílias, de oirgem nacional ou estrangeira, a residir no Funchal.

Como compositor Porfirio d’Afonseca elaborou várias obras musicais, onde se destaca um Hymno dedicado à rainha D. Maria II. Uma composição criada devido à associação da sua família ao Liberalismo, fação política apoiante de D. Maria II contra D. Miguel (fação do Absolutismo).
Entre as suas composições surge também um salmo para a Igreja Anglicana, enquanto organista da igreja; Souvenir de Madère, uma composição de três valsas, dedicada à rainha-mãe de Inglaterra, Adélaide d’Angleterre; Madeira Cotillions.
Ricardo Porfirio d’Afonseca compôs ainda uma Ouverture interpretada na Sociedade de Concertos fundada em 1840, pelo pianista António Maria Frutuoso da Silva.

Para além das referidas composições a obra de Ricardo Porfirio d’Afonseca destacou-se num conjunto de peças para piano, editadas em Nova Iorque e dedicadas a Miss Caroline M. Smith.
O Club Funchalense tinha influência de diversos estrangeiros radicados na Madeira, o que se verifica na utilização do nome Club, em vez da adaptação portuguesa Clube e pelo facto de alguns cidadãos como José Phelps e Thomas Edwards participarem na organização de eventos. Esta característica intercultural proporcionou o convite para Ricardo Porfirio d’Afonseca editar as suas peças em Nova Iorque.